12 de julho de 2008

estado crônico: pelos jardins!

Sonhos de outrora, agora se desfazem pelos jardins, sob a grama onde crianças brincam atrás de cachorros mais bem cuidados do que elas e mesmo assim tudo parece calmo lá fora. Talvez os sonhos não fossem tão grandes, ou importantes, talvez sequer fossem sonhos, talvez apenas objetos de desejo do impossível, do não poder ter, que feriam os brios com a vontade de se possuir.

O que importa e que esses sonhos ou desejos ou o que fossem não importam mais. Eles jazem agora pelos jardins, por baixo da grama onde namorados fazem piqueniques apaixonados, inebriados pelo momento, mas cegos para com os seus parceiros. Casais egoístas como todos que só pensam em seu próprio bem-estar. Apenas pessoas.

Velhinhas passam pelos jardins, pisando na ponta daquilo que seriam sonhos que ainda insistiam em ver a luz do sol. Cancerígena luz que as velhinhas insistiam em acreditar que as beneficiavam, enquanto morriam um pouco mais pela exposição.

O que se tem são cachorros bem tratados, crianças barulhentas, casais egoístas e velhinhas cancerígenas que se apropriam dos jardins nessa estupidamente iluminada manhã de domingo e todos, de uma forma ou de outra, morriam ali, para recomeçarem em outro lugar e deixarem tudo que havia de bom, como aquilo que um dia foram meus sonhos, pelos jardins.

***

da série "estado crônico"

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